No mar – A confiança

Hagar vai se deitar na cama, junto a Maria. Não há nada melhor que se deitar e sentir o calor do seu próprio filho. A respiração. A entrega. A confiança que uma criança ainda tem, quando você começa a perdê-la.

Toine Heijmans em No Mar, Editora Cosac Naify, página 153.

No mar – A empresa e o barco

Comecei a comparar a vida na empresa com a vida no barco. Você se concentra no que vê. No que está próximo, no que pode tocar. Fora isso, nada mais é importante. Antes que se dê conta, o trabalho vira o centro do mundo. Se você não toma cuidado, ele se torna a razão da sua existência.

O que o escritório faz, o que produz ou o que vende, isso é pouco relevante. A empresa existe por si só; um organismo que surgiu por determinado motivo, embora ninguém mais saiba que motivo foi esse.

Toine Heijmans em No Mar, Editora Cosac Naify, página 43.

No mar – Pais e mães

Pais cedem mais rápido que mães. Mães sabem que o amor de seus filhos é incondicional. Elas podem se permitir certas coisas. Pais têm algo a provar. Compram um urso-polar de pelúcia na esperança de que isso conte a seu favor.

Toine Heijmans em No Mar, Editora Cosac Naify, página 31.

No mar – As perguntas

Antes de sairmos de Thyborøn, liguei para Hagar e contei que Maria não parava de fazer perguntas. “A Maria faz perguntas por uma questão de sobrevivência”, comentou Hagar. “Ela se agarra às suas respostas. Fica perdida quando não faz perguntas. Lembre que ela é uma criança. Homens não entendem isso. Pensam que uma criança é um adulto como eles”.

Eu disse: “Ela faz perguntas porque quer saber coisas. É o que as crianças fazem. Assim elas aprendem”.

Hagar retrucou: “Você não compreende mesmo. Crianças não pensam de maneira lógica, como nós. Elas primeiro têm que aprender a pensar logicamente. E têm que aprender isso com a gente. Você deve ver a criança como semissurda e semicega. Elas só conseguem avançar tateando”.

E eu disse: “Não é só com as crianças que isso funciona. Eu também sou assim. Todo mundo é semissurdo e semicego. Vale para todas as pessoas, mesmo que elas pensem que não”.

Toine Heijmans em No Mar, Editora Cosac Naify, página 28.

No mar – A rotina

Sobrevive-se graças à rotina. Quando algo não vai bem, é melhor saber exatamente onde cada coisa está. Sem rotina, os pensamentos tropeçam uns nos outros. Pensa-se em tudo ao mesmo tempo. […]

Quando você não consegue mais raciocinar com clareza, o mar te arrasta com ele.

Toine Heijmans em No Mar, Editora Cosac Naify, página 10.